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Meu Senhor e meu Deus
Meu Senhor e meu Deus

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Depois disse a Tomé: ‘Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos.

Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’.

Tomé respondeu: ‘Meu Senhor e meu Deus!’” (João 20, 27-28). 

 

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Meu Senhor e meu Deus!

 

 

             Refletindo essa passagem onde Cristo retira toda a dúvida do coração de Tomé, percebo um traço característico de nossa fraqueza humana. Muitas vezes, a nossa má interpretação ou até mesmo certa falta de informação sobre a vida de Tomé, sempre pensamos nele como “aquele que não acreditou”.

            Precisamos, antes de tudo, saber que Tomé amava muito Jesus e sentiu muita dor com a perda do seu mestre e pastor. Tal dor esta que, conforme diz a Tradição, o fez correr atrás do corpo de Jesus, não aceitando o seu “sumiço” do sepulcro.

            Quando Cristo ressuscitou e apresentou-se para seus amigos que estavam reunidos Tomé não estava presente. Aqui podemos ver um ponto importante dessa narrativa evangélica.

            A falta de comunhão com os apóstolos o fez fraquejar nos ensinamentos de Cristo, não aceitando a ressurreição. Para ele, naquele momento, era preciso tocar as chagas de Cristo, pois o simples anúncio e testemunho apostólico de todos os seus amigos que tinham presenciado o acontecido não bastavam para sua fé.

            Nesse momento, Tomé representa de forma universal um traço característico de nossa humanidade fraca e incrédula, que muitas vezes não consegue crer se não tocar. Tal exigência é característica de pessoas presas à carne, pois precisam tocar e ver para conseguir acreditar.

            São Paulo nos ensina que a fé entra pelo ouvido através da pregação (Romanos 10,17), mas para aquele que está preso na carne, não consegue alcançar essa graça. Tomé, naquele momento, se encontrava preso nas coisas terrenas, palpáveis e que pudessem ser vistas e não conseguia dar abertura para as coisas do espírito.

            “Bem aventurados aqueles que crêem sem ter visto” afirma Jesus para Tomé, pois estes estão selados pelo Espírito Santo. Deus é Espírito por excelência e nos criou a sua imagem e semelhança, e por isso somos espírito, alma e corpo (Tessalonicenses 5, 23). Por essa razão, falar de fé torna-se tão difícil para alguns, pois é preciso experimentar um encontro espiritual com Deus Espírito Santo.

            Somente pelo Espírito Santo é que conseguimos nos aproximar da graça do amor de Deus Pai e Filho, e é Ele, o Espírito Santo, que nos une de forma verdadeira com Deus.

            A dúvida de Tomé o levou para os braços de Cristo que lhe estendeu as mãos para tocar Suas chagas. Naquele momento, pode ser que alguns apóstolos também tivessem o mesmo desejo que foi satisfeito pelas mãos de Tomé.

            Após a dúvida veio a consciência da fraqueza. “Meu Senhor e meu Deus” foi a declaração de fé que conseguiu sair daquele coração que havia se esfriado nos caminhos da provação cotidiana.

            Sem dúvida, Tomé é um grande exemplo para todos nós discípulos e apóstolos de Jesus, para que nunca deixemos de estar aos pés de Cristo, ouvindo suas palavras e aquecendo o coração, na comunhão com a Santa Igreja em suas reuniões e liturgias.

            Tomé, como muitos que se dizem cristão nos dias de hoje, precisou ver o milagre e tocar o próprio Cristo para acreditar no seu poder e na sua onipresença e logo foi exortado por Jesus, mostrando que a verdadeira fé muitas vezes não precisa de sinais prodigiosos, milagres palpáveis, gritarias e curas físicas, mas é fruto de um olhar interior para perceber a manifestação da presença de Cristo no coração.

            O bom disso tudo foi que Tomé aprendeu a lição, pois na reunião dos doze em Pentecostes ele estava presente, e recebeu a graça do Consolador, Santificador e Encorajador, e assim seguiu para o Oriente e Índia, pregando as maravilhas que Deus tinha feito em sua vida.

            E assim, aquele homem que antes era preso na carne foi capaz de dar a sua carne, para o anúncio da verdade evangélica. E assim foi martirizado em nome daquele que um dia entendeu as suas dúvidas e confiou ainda assim a grande missão apostólica.

            Acredito talvez que, no momento de seu martírio, tenha lembrado daquele homem velho e preso na carne, que tinha se tornado um homem novo e nascido do Espírito Santo, e declarou novamente, quem sabe olhando para o céu, “Meu Senhor e meu Deus”.

            Que a graça do Espírito Santo possa renovar o nosso coração e que, como fez com Tomé, fazermos cada vez mais presos as coisas do Espírito para que possamos crescer de forma verdadeira em nossa fé.

            Somente assim seremos verdadeiramente discípulos e apóstolos de Jesus.

            “Meu Senhor e meu Deus, eu creio, mas aumenta a minha fé”.

            Deus nos abençoe!

 

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Adryadson Flabio Nappi

Professor, contador, teólogo, músico e escritor

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