Aprendendo a amar
Aprendendo a amar

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“Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor!” (I João 4, 8). 

 

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Aprendendo a amar

 

 

            Eu ainda era muito jovem, mas em meu coração já existia o desejo de conhecer à Deus. Comecei a escutar e seguir a voz forte de um homem que clamava a conversão do coração e fui batizado nas águas do Jordão.

            Certo dia, enquanto estava ao redor das águas, escutei João Batista dizer com convicção: “Eis aí o cordeiro de Deus” (João 1, 36). Ouvindo isso, imediatamente segui aquele Homem junto com meu amigo André.

            Aquele Homem tinha um olhar penetrante e, ao mesmo tempo, doce. André o perguntou onde morava, e no mesmo instante Ele nos acolheu e nos levou para sua casa.

            Começou então a minha história com esse Homem, a maior de todas em minha vida. Naquele dia, conheci sua humilde casa e sua abençoada mãe que tinha o nome de Maria.

            Descobri que aquele homem se chamava Jesus e, cada minuto que passava, admirava ainda mais sua forma de amar. Seu relacionamento com sua mãe... Sua forma de viver a vida...

            Comecei a acreditar um pouco naquela frase de João Batista, mas meu coração humano ainda insistia em duvidar. Porém, no terceiro dia de nossa convivência juntos, Jesus nos levou para uma festa de casamento na cidade de Caná.

            Nessa festa, aconteceu algo maravilhoso! Vi com os meus próprios olhos aquele Homem transformar a água em vinho. Lembro-me com se fosse hoje! Sua mãe, muito atenciosa como de costume, percebeu que o vinho havia se acabado na festa, e imediatamente pediu a ajuda de seu filho.

            No começo, ele resistiu, dizendo que não era sua hora, mas depois, sendo muito atencioso com sua mãe, atendeu ao pedido e transformou seis potes de pedra com quase cem litros cada um.

            Naquele instante, meu coração encheu-se de uma alegria transbordante como aqueles potes de pedra. Comecei a pensar que estava fazendo parte de algo único, pois estava tomando o vinho novo que o Ungido e prometido de Deus havia transformado milagrosamente.

            Não tive mais dúvida! Aquele era o filho de Deus! Cada dia que passava com aquele Homem Santo, meu coração se modificava um pouco mais. Ele tinha um jeito único de relacionar-se com as pessoas.

            Não se preocupava com o que os outros pudessem pensar de seus atos, nem mesmo nós, seus discípulos e amigos. Quase sempre, nos surpreendia com seus milagres e prodígios.

            Mas, para mim, o que mais chamava a atenção não eram os milagres, mas sua forma de amar. Lembro-me da imensidão do amor que Jesus teve com aquela mulher no poço de Jacó.

            Seu diálogo de amor com ela que já havia tido cinco maridos e vivia irregularmente com o sexto homem me impressionou muito. Senti um desejo profundo de amar como Ele amava.

            Mas não era muito fácil! Minhas limitações me faziam recuar em certos momentos. O amor imenso daquele Homem não o impediam de dizer a verdade, por mais forte e dura que ela fosse.

            Como naquele discurso público, onde Ele anunciou que era preciso comer sua própria carne para obter a vida eterna. Muitos naquele dia se afastaram de Jesus! Confesso que muitos de nós também não compreendemos muito bem... Mas Pedro, movido pelo amor, declarou que ficaríamos com Jesus, mesmo sem entender aquelas palavras naquele momento.

            Percebi naquele dia que não pode existir amor sem a verdade. Como era bom... Cada dia ao lado daquele Homem era especial. Tornei-me seu amigo próximo e, por algumas vezes, fui convidado para subir com Ele para rezar no monte.

            Mas, ainda assim, mesmo cometendo erros terríveis, Ele nunca desistiu de mim. Por mais que me esforçasse, eu não conseguia amar como Ele amava. Lembro-me quando Jesus me repreendeu em ter proibido um homem expulsar demônios em Seu nome.

            Meu coração fraco insistia em querer ser o maior. Queria poder sentar do lado de Jesus no Reino dos céus, junto com meu irmão Tiago, mas Cristo me ensinou que para ser o primeiro, eu precisaria ser o último, e mostrou-me com Seus atos naquela ceia.

            Naquela noite santa, o nosso Mestre e Senhor lavou nossos pés e nos ensinou o verdadeiro sentido do amor-doação. Naquela ceia, tudo estava diferente! Jesus não tinha pressa e parecia viver aqueles últimos momentos com muita intensidade.

            Ali Ele aconselhou-nos... Abraçou-nos... Amou-nos... Até orou por nós, pedindo que o Pai nos protegesse! Movido com esse grande amor, Ele partiu o pão e nos ensinou a realizar isso por Ele, com Ele e para Ele.

            Meu coração pulava em meu peito! Sem pensar muito, abracei meu grande amigo por um momento e pude sentir as batidas do Seu coração. Ele estava um pouco acelerado... Foram momentos inesquecíveis de amor, partilha, união e fraternidade entre todos.

            Porém, a grande provação chegou! Soldados foram buscar o Senhor na calada da noite. Lembro-me que Pedro levantou a espada para defender Jesus e feriu um soldado, porém, mais uma vez a forma de amar daquele Homem me surpreendeu.

            Imediatamente, Cristo pediu para Pedro abaixar a espada e curou a ferida daquele soldado. Ele curou aquele que viera matá-lo!

            Quando Cristo foi levado, corri desesperado para todos os lados e não encontrei refúgio em nenhum lugar... Estava desconsolado... Estavam levando aquele que mais amava! Meu melhor amigo!

            Corri então e afoguei toda a minha angústia nos braços silenciosos de Maria. Era incrível! Ela parecia já estar preparada! Maria me abraçou como uma mãe e fomos ao encontro de Jesus que estava preso.

            Acompanhamos todo o julgamento, junto com Madalena e Maria de Cleófas. Realmente aconteceu o que Jesus nos tinha dito! Ele foi condenado e maltratado. Humilhado e escarrado pela humanidade.

            Meu coração queria gritar para toda aquela multidão! Onde estavam agora todos aqueles que Jesus curou? Onde estavam aquelas multidões que Ele havia alimentado com a palavra e com o pão? Onde estavam aqueles que deram glória a Deus com ramos nas mãos?

            Mas não consegui dizer nada! Apenas chorava agarrado aos braços da mãe. Cada ato daquela via sacra foi me ensinando o que era o amor-doação. Lembrei-me quando Ele disse que não existia maior amor do que dar a vida pelos amigos!

            Chorei ainda mais! Era o que Ele estava fazendo... Quanto mais eu pensava naquele ato, mas me admirava pela força de Maria. Ela estava lá! Em silêncio! Como Jesus... Ela era o silêncio de Deus... Ela representava o silêncio que estava o Céu naquele momento!

            Jesus buscava forças em sua face materna e conseguia ver a face de Deus em seus olhos rasos d’água.

            Quando por um instante, Ele fraquejou, imediatamente lembrou que Deus Pai se fazia presente na fidelidade de sua mãe.

            E assim, no seu último momento, meu melhor amigo me deu um presente: “Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua mãe” (João 19, 26).

            Não consegui acreditar no que estava ouvindo... Diante de tanta dor e sofrimento, Jesus esqueceu novamente de si e pensou na minha dor. Não quis me deixar órfão e sem direção, deixando sua mãe perto de mim.

            E foi assim que Ele morreu! Com muito orgulho eu posso dizer que conheci o Amor na sua forma mais plena que alguém poderia imaginar. Não sei se merecia ser o discípulo amado Dele, mas, o que sei, é que fui muito amado! Por isso, não tive medo ao definir que “Deus é amor”. Não existe outra definição!

            E assim, quero terminar esta carta dizendo para você o que um dia eu já disse: “Este é o discípulo que deu testemunho dessas coisas e que as escreveu. E nós, sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que não caberiam no mundo os livros que seriam escritos” (João 21, 24-25).

           

            João, o discípulo que Jesus amou.

 

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Adryadson Flabio Nappi

Professor, contador, teólogo, músico e escritor

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