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“Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua fé. Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor, achará esse amigo. Quem teme ao Senhor terá também uma excelente amizade, pois seu amigo lhe será semelhante” (Eclesiástico 6, 14-17).
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O valor de uma amizade
Já faz alguns dias que venho refletindo sobre o valor de uma verdadeira amizade. Olhando esse precioso trecho da Sagrada Escritura, quero também levar você há pensar um pouco em seus amigos.
A amizade é uma forma pura e incondicional de amar alguém. Por essa razão, o próprio Jesus preferiu chamar seus apóstolos de amigos, como lemos: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai” (João 15,15).
No grego antigo, havia três palavras que significavam amor: “Eros”, “Filos” e “Ágape”. O “Eros” é o amor sexual, que deve existir dentro do casamento, “Filos” é o amor entre pais e filhos, irmãos e amigos, e também precisa existir no casamento e o “ágape”, que é o mais profundo e sublime de todos, sempre caracterizou Deus e a forma de Deus nos amar.
No trecho bíblico, um amigo fiel é comparado com um tesouro, mais precioso que o ouro e a prata, um remédio de vida e imortalidade. Não tenho medo em dizer que uma amizade verdadeira e duradoura começa do temor a Deus, o Amor maior.
O amor filos (amor amigo) brota da essência do amor ágape (amor de Deus), o amor perfeito com o qual Deus nos amou em Cristo.
É interessante pensar que a amizade precisa estar em todos os relacionamentos humanos. É necessário que ela exista, para que possa eternizar os laços de cada um. Ela existe entre pais e filhos, irmãos, parentes e amigos... Existe entre os esposos...
Muitas pessoas acham que parentesco assegura proximidade, porém, digo que não é verdade. Não basta apenas ser parente de alguém, é preciso antes ser amigo. Infelizmente, devido às situações da vida, nos tornamos apenas parentes de pessoas que poderiam ser muito mais do que isso.
Em toda a minha reflexão, brotou a certeza de que uma amizade fundamentada e vivida em Cristo é uma forma de antecipar o céu. Quando Jesus foi questionado a respeito de nossa situação no céu, Ele ensinou que seremos como os anjos de Deus, e não haverá marido ou mulher (Mateus 22, 30). Portanto, viver uma amizade verdadeira é adiantar um pouco dessa condição celestial.
A beleza de tudo é entender que a amizade pura e verdadeira precisa estar fundamentada no Amor Maior de Deus e fazer parte de todas as nossas relações. Muitos não entendem isso, e deixam de ser amigos de seus pais, seus filhos, seus familiares e, porque não dizer, seus esposos.
É certo dizer que a maioria dos casamentos que foram destruídos caíram no erro da exaltação inadequada do amor erótico (Eros), que, diga-se de passagem, é muito importante também, e da banalização do amor amigo e companheiro (Filos) e, principalmente, do amor de Deus (ágape), do qual devem descender os dois primeiros.
O tesouro escondido de uma amizade precisa ser descoberto por todos nós. Um amigo que não impõe condições para fazer parte de nossa vida. Amigos que conhecem nossos defeitos e qualidades e, ainda assim, escolhem ficar ao nosso lado.
O amor é, antes de tudo, uma decisão! Portanto, ser amigo não poderia ser diferente! Amar é decidir-se pelo outro! Ser amigo é viver as vitórias e derrotas daquele o qual escolhemos para compartilhar um pouco de nossa história.
A beleza de tudo está em amar! Como diria Santa Madre Teresa de Calcutá, “nada pode acabar com um amor sem explicação”.
Deus nos abençoe sempre!
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Adryadson Flabio Nappi
Professor, contador, teólogo, músico e escritor