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“Já que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura de sua mensagem” (Coríntios 1, 21). 

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Sinal de contradição

            Não dá pra entender certas coisas... A reflexão que desejo fazer hoje é uma das minhas preferidas e, sempre que posso, a faço no silêncio do coração.

            Lendo esse versículo que São Paulo escreve aos Coríntios, penso sinceramente que ele também deveria pensar muito na profundidade dessa mensagem.

            Paulo escreve a respeito da loucura da mensagem de Cristo para o mundo. A sabedoria infinita de Deus escolheu se apresentar na loucura de um amor sem limites. Um Deus que escolheu deixar tudo para viver nossa humanidade.

            Cristo que renunciou sua condição divina para estar no meio de nós, como profetiza Isaías: “Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador” (Isaías 53, 7).

            A loucura da cruz parece ser inaceitável para muitos daqueles que procuram um raciocínio lógico e cientifico sobre Deus. Por essa razão que se torna tão difícil entender certas coisas na vida.

            Não é fácil entender os planos de Deus e aceitar seus caminhos. Nossa humanidade não aceita nossa limitação e dependência e, assim, não consegue viver a loucura da mensagem de Jesus.

            É estranho tentar falar de justiça quando não compreendemos qual o seu significado real diante de Deus. Outro dia, conversando com um amigo, percebi que seu coração não aceitava certas coisas a respeito de Deus e de seus métodos de salvação.

            Esse amigo começou a atribuir para Deus todos os sofrimentos humanos, e não conseguiu aceitar a verdade absoluta da salvação dada naquela Cruz. Indignado, ele me perguntou: “Como posso aceitar que um homem que só fez o mal durante muito tempo de sua vida, possa ser perdoado no fim da vida e salvo por Cristo? Ele não vai pagar pelo sofrimento que ele causou para as outras pessoas?”.

            Realmente, essa é uma pergunta difícil! Confesso que, na humanidade fraca do nosso coração, somos forçados a pensar nisso. Ao longo da minha caminhada, já fiz muito essa pergunta, e sempre sou voltado a pensar em Paulo ou Dimas.

            Dois exemplos dos muitos outros que conhecemos ao longo da caminhada da Igreja. Paulo fez tanta gente sofrer... Matou pessoas e destruiu famílias... Dimas, no último momento, voltou-se para Cristo, e ainda assim, Jesus o aceitou.

            Como podemos entender isso? Seria Deus injusto, como tantos falam por aí? Tenho quase certeza que em algum momento você já se perguntou isso, certo?

            Pois bem... Não tenho a intenção de dar respostas rápidas para questões tão importantes como essa! Precisamos tomar cuidado com respostas rápidas, pois existe um ditado que a pressa é inimiga da perfeição. Pense devagar sobre isso!

            Uma coisa eu posso te garantir: seus pensamentos mais profundos irão direcioná-lo na loucura da cruz! Não tem como explicar isso sem passar pela experiência da fé e do mistério de um amor incondicional e ilimitado.

            Pensar no Verbo que se fez carne e viveu entre nós e se doou eucaristicamente para a salvação é a maior loucura que qualquer estudioso poderia pensar. É por isso que o mundo não O reconheceu e a sabedoria do mundo tornou-se loucura para Deus.

            É por isso que São Paulo explica muito bem: “Vede, irmãos, o vosso grupo de eleitos: não há entre vós muitos sábios, humanamente falando, nem muitos poderosos, nem muitos nobres. O que é estulto no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e o que é fraco no mundo, Deus o escolheu para confundir os fortes; e o que é vil e desprezível no mundo, Deus o escolheu, como também aquelas coisas que nada são, para destruir as que são. Assim, nenhuma criatura se vangloriará diante de Deus” (Coríntios 1, 26-29).

            Uma coisa é certa: a salvação já está dada por Deus em Cristo Jesus, não são seus atos e nem você quem a dá para alguém e nem para você mesmo. Não queira entender aquilo que a limitação intelectual humana não consegue alcançar; nesses momentos, só nos resta viver a experiência da fé e o encontro com o crucificado, que nos mostra em suas chagas abertas, que não existe limite para o amor e para o perdão.

            A ciência continuará evoluindo sempre, mas sempre existirá o lugar onde ela não pode alcançar, e então, basta apenas a força do encontro pessoal com Cristo na oração!

Quanto aquele homem que se encontrou com o amor no último momento, só nos resta agradecer a Deus, por não ter sido tarde demais para ele.

            A ciência poderá explicar tudo um dia? Quem sabe... Talvez sim! Mas uma coisa ela nunca alcançará: entender a capacidade de amar e perdoar de um Deus sangrando em uma cruz áspera e pesada.

            É fácil acreditar nisso? Não... É loucura e, acima de tudo, fé! Nada mais do que isso!

            Deus nos abençoe!

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Adryadson Flabio Nappi

Professor, contador, teólogo, músico e escritor