A regra maior de uma comunidade.
(Adryadson Flabio Nappi)
“Completem a minha alegria: tenham uma só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento. Não façam nada por competição e por desejo de receber elogios, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo. Que cada um procure, não o próprio interesse, mas o interesse dos outros” (Filipenses 2, 2-4).
Paulo escreve para a comunidade de Filipenses dentro de uma prisão. Alguns teólogos dizem que esta carta pode ser considerado o mais “romântico” de seus escritos, pois encontramos elogios e palavras de carinho em vários momentos do texto.
Em especial, Paulo pede para a comunidade que complete sua alegria através da forma de viver plenamente a comunidade. “Uma só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento” é o conselho dado para toda a comunidade.
Se pensarmos na profundidade dessa frase, encontraríamos uma regra de vida que pode ser aplicada em todas as dimensões da vida. A unidade é fundamental para qualquer situação, seja na vida matrimonial, na família, na comunidade e, porque não dizer, até mesmo dentro de uma empresa.
No fundo, pensando na essência, essa unidade é o que muitas empresas buscam aplicar em suas “políticas básicas”. Definir a visão, missão e valores dentro de uma organização, é uma tentativa de alcançar “uma só aspiração... um só pensamento” para atingir os objetivos.
Porém, a beleza deste trecho bíblico vai ainda mais além, quando Paulo pede uma humildade muito difícil de viver. A procura constante de satisfazer os interesses dos outros acima dos nossos...
Se aplicarmos isso na vida de um casal, seria como dizer: “case-se para fazer o outro feliz e não para ser feliz”. Por mais estranho que isso possa parecer, é a forma mais lógica, se é que eu posso dizer assim, de se compreender a imensidão insondável de um matrimônio.
O homem se unirá a sua mulher e os dois se tornarão uma só carne (Mateus 19, 5). Um mistério difícil de enxergar aos olhos humanos. Ser uma só carne é viver a unidade em sua plenitude.
Quando Paulo escreve para a comunidade de Filipos, seu maior desejo é mostrar o mistério que existe dentro de uma comunidade congregada pela ação do Espírito Santo. Dentro dela (a comunidade) não deve existir espírito de competição e muito menos de superioridade, onde todos devem suportar o outro em todas as suas limitações e fraquezas humanas.
Na comunidade, assim como em um casamento, é o lugar onde nos deparamos com nossas misérias humanas e com as misérias dos outros, e aprendemos a fazer delas a matéria prima para a construção da santidade.
Creio que seja por isso que Cristo se apresenta como o Noivo para a sua Igreja, pois é preciso que compreendamos o nosso casamento com Jesus através de nossas comunidades cristãs.
A vida em comunidade nos dá a capacidade para treinar nossa humildade, tolerância, sinceridade e amor mútuo, pois nos traz, a todo o momento, para a realidade de nossas vidas.
Enfim, se puder pedir algo para Deus nos dia de hoje, peça que Ele te dê um coração verdadeiramente capaz de fazer o outro feliz, pois somente assim alcançaremos a tão buscada felicidade própria.
Passamos, muitas vezes, uma vida toda buscando nossa própria felicidade, e nos esquecemos que o grande segredo está no sorriso do outro. A vida é assim... É a alegria de ver o sorriso do outro e se alegrar por suas conquistas e vitórias e saber que, de alguma forma, fazemos parte disso.
Lembro-me daquela conhecida história de Santa Madre Teresa de Calcutá, que estava limpando as feridas abertas de um leproso na rua e um grande empresário, enojado com aquela cena, disse: “não faria isso nem por um milhão de dólares!”. Ao ouvir isso, com ternura Madre Teresa respondeu: “nem eu!”.
Que Deus nos abençoe e nos guarde e nos ensine a viver em comunidade!
Amém!